Autor: Filipe Manuel Neto
**Lute… para chegar até ao fim do filme.**
Depois de ter conseguido encontrar alguns valores redentores no primeiro filme, “In the Name of The King: a Dungeon Siege Tale”, resolvi dar também uma hipótese à sua sequela, também dirigida por Uwe Boll e, pensei eu, uma provável continuação digna do primeiro filme. Todavia, a produção foi fatalmente ferida pelo corte brutal no orçamento, talvez devido à recepção que o primeiro filme obteve junto do público. Estas considerações não ilibam, porém, o director das suas próprias fraquezas. Boll pode não ser um incompetente completo, ainda não o conheço o bastante para o avaliar, mas já percebi por estes dois filmes que não é particularmente brilhante.
O roteiro faz-nos voltar ao reino de Ehb, e aos acontecimentos em torno da coroa daquele reino de fantasia, quando um ex-militar das Forças Especiais dos EUA é acidentalmente enviado para o lugar. Toda a história é fraca, artificial, e a forma como as personagens agem é muito idiota e pouco natural. De facto, as personagens são meras figuras e rostos sem personalidade alguma e acerca das quais sabemos pouco e nos importamos menos ainda. Há algumas tentativas de acção, mas acredito que até o jogo de vídeo original é mais emocionante e intenso do que o que nos foi dado aqui.
O elenco é liderado por Dolf Lundgreen, um actor de que não gosto particularmente e que está muito longe daquilo que eu consideraria um profissional versátil e habilidoso. Ele pode até ser, mas nas mãos de um director capaz de lhe extrair isso. O actor não tem dificuldades em assumir o protagonismo, até porque parece quase o único profissional minimamente experiente por ali, mas a actuação dele é muito tíbia. Lochlyn Munro, que devia ser alguém mais proeminente, não é capaz de ser mais do imponente que um adolescente de quinze anos no primeiro encontro. O resto do elenco, e especialmente as actrizes, não merece sequer ser mencionado. Amadorismo é um termo simpático para descrever o que eles fizeram.
Tecnicamente, temos de lamentar a pobreza franciscana do que nos é oferecido: os cortes que o orçamento da produção sofreu implicaram obrigatoriamente reduções de custos, o que pode explicar porque tudo parece tão falso como uma peça de teatro: do figurino ao armamento e adereços, o filme é um Carnaval de que apenas se salvam os cenários e os locais de filmagem, escolhidos com critério ou criados em CGI com competência. Há bastante CGI aqui, incluindo um dragão, e nota-se algum investimento nesses recursos, talvez por falta de orçamento para ir mais além. A cinematografia aproveita o melhor destes elementos, mas não se sente nunca aqui a segurança, a confiança e o engenho que a cinematografia do filme original deixava transpirar para o público. A banda sonora funciona muito bem, mas não tem o interesse nem a sonoridade da que foi utilizada no primeiro filme.
Em 25 Feb 2023
