Autor: Filipe Manuel Neto
**Um dos grandes clássicos do terror.**
Roman Polanski, com uma longa carreira no cinema, é um dos directores mais influentes do século XX, embora eu não tenha qualquer simpatia pessoal por ele. Mas devo reconhecer: este filme é um dos mais clássicos do terror mundial, obrigatório a qualquer apreciador do género. É também um dos melhores da carreira do director.
A história passa-se num prédio de apartamentos e gira em torno de Rosemary, uma jovem que engravida após ter um misterioso pesadelo em que algo a violava. Claro, o seu dedicado marido nem desconfiou de quem era o pai daquela criança e ficou felicíssimo. Mas outras revelações, e as atitudes de um par de vizinhos idosos e aparentemente amorosos, convencem-na de que espera pelo Anticristo, o filho do próprio Diabo. Aterrorizante, não? Quando estreou, no fim dos anos sessenta, era assustador e compreendo o porquê. Mais do que outros filmes até então, usa a tensão permanente para manter o público em absoluto desconforto, sem mencionar que o facto de todo o perigo girar em torno de um bebé ainda por nascer é algo que afecta o lado mais emotivo de qualquer pessoa.
Com um roteiro assim é fácil ter sucesso, especialmente quando Polanski usa tão bem os efeitos visuais e sonoros quanto a cinematografia, propositadamente densa. Tudo foi pensado para nos deixar tensos, desconfortáveis. A cena de violação é digna de antologia e, apesar de hoje poder ser considerada leve, foi chocante na época.
Mia Farrow esteve ao mais alto nível no filme, talvez o mais controverso da sua carreira, dado que nem o marido dela a apoiou, vindo a divorciar-se dela devido às cenas mais intensas, onde a actriz mostrava os seios (hoje em dia algo tão banal). Sidney Blackmer e Ruth Gordon, um par de veteranos, deu vida aos Castevet, os vilões. John Cassavetes é mais contido mas faz bem o seu papel.
Hoje, este filme pode não assustar como no passado. Tudo tem a sua data de validade. Mas apesar de tudo, este ainda continua a ser um dos grandes clássicos do terror e deve ter um lugar na prateleira de qualquer amante dos sustos.
Em 28 Jun 2018