Autor: Filipe Manuel Neto
**Poderoso, perturbador, aborda temas inquietantes.**
Este filme começa com uma brincadeira de mau gosto de um grupo de delinquentes e onde um homem acaba por morrer. Todo o grupo é julgado e o Tribunal de Menores condena-os a um ano num reformatório que, na prática, é uma prisão para menores. Lá, os jovens vão ser humilhados e finalmente abusados sexualmente pelos guardas. Décadas depois, profundamente traumatizados pelas experiências vividas ali, têm finalmente a oportunidade de se vingar.
O filme é intenso. Não é, de todo, recomendado para uma tarde em família pois têm cenas profundamente difíceis, envolvendo pedofilia e blasfémia contra símbolos religiosos católicos. Habilmente dirigido e escrito por Barry Levinson, tem um ritmo agradável, colocando logo a vida dos jovens em contexto e explicando como acabam por cair na marginalidade. Todavia, a partir de determinado momento, passa a ser basicamente um drama de tribunal cheio de amoralidade. O filme aceita basicamente diz que tudo o que aconteceu no reformatório justifica as acções de vingança anos mais tarde, e nunca questiona directamente se tudo aquilo valeu a pena para os jovens. Bem, de certo modo, faz isso discretamente ao revelar-nos o destino de cada um, no fim do filme, mas isso pode passar despercebido a muita gente.
No geral, o desempenho do elenco é positivo mas podia ser melhor. Destaco particularmente o trabalho de Vittorio Gassman e especialmente Kevin Bacon, que se mostrou extraordinário. Os papéis infantis estiveram bem o suficiente, assim como Robert de Niro e Dustin Hoffman que conseguiu fazer com que a sua personagem parecesse incompetente e desprezível. O pior foi ver Brad Pitt limitar-se a aparecer e parecer-se demasiado com ele mesmo. Acho que não era o filme mais adequado para este actor. Os valores de produção estão dentro do standard que Hollywood nos habituou. Uma cinematografia regular, banda sonora discreta mas eficaz, figurinos e cenários credíveis.
Altamente desaconselhável a crianças ou pessoas impressionáveis, é um filme que, apesar de falhas pontuais, é poderoso e nos prende até ao fim sem nos cansar nem nos fazer arrepender. Vale a pena ver.
Em 18 Jan 2020