Autor: Filipe Manuel Neto
**Este filme de fantasia merece a nossa simpatia e atenção.**
Este é um bom filme para ver com a família porque vai agradar facilmente a jovens e a adultos. Todavia, acho que nunca recebeu a atenção que merecia, talvez por ter sido lançado num momento em que o género de fantasia estava dominado por um conjunto de outros filmes muito mais fortes e relevantes. O filme também se esforça por mostrar o lado oculto do conhecimento como algo perigoso, pouco desejável, seguindo aquela lógica de “há coisas que não devemos simplesmente conhecer”.
A história começa quando uma mulher, recentemente divorciada, se muda com os filhos para uma casa rústica na floresta, que pertence a uma tia-avó internada como louca. Esta casa está fechada há muito tempo, tem sal nas janelas todas e uma quantidade industrial de molho de tomate e mel na despensa da cozinha. Intrigante. É bastante evidente desde o começo que os irmãos se dão mal, e que o mais novo está muito ligado ao pai e espera que ele volte. E é precisamente ele que começa a ouvir barulhos que o convencem que há algo mais na casa. Ele descobre um livro com um aviso sombrio, mas ainda assim decide lê-lo, encontrando-se no poder de uma série de conhecimentos ocultos que nunca deviam ter chegado até ele, e que foram coligidos oitenta anos antes por um tio-bisavô, que desapareceu sem deixar rasto.
Como eu disse, é um bom filme e conta uma boa história. As personagens são boas, dos humanos às figuras encantadas, e há muito entretenimento e criatividade aqui. Não teve grande acolhimento na América, mas fez um sucesso na Europa e continua a aparecer de vez em quando nas televisões. Dirigido por Mark Waters, que já tem alguma experiência em filmes para jovens, mas estava longe de ser um nome a considerar à partida, conta com um bom núcleo de actores. Freddie Highmore mostra talento e empenho, o que lhe abriu muitas portas nos anos seguintes, e a irlandesa Sarah Bolger não fica atrás. David Strathairn e Joan Plowright são os actores adultos que merecem maiores louvores pelos seus esforços aqui. Ambos estiveram muito bem, e deram vida a personagens credíveis e adoravelmente mágicas. Nick Nolte também faz uma pequena aparição.
Tecnicamente, o filme aposta muito em CGI de elevadíssima qualidade, grande impacto visual e efeito cénico. Não há dúvidas de que houve muito dinheiro investidos no visual e na cinematografia, e isso compensou: o filme não se sente irrealista ou fantasioso em demasia. Os objectos e as personagens encantadas parecem realistas, dignas do crédito que lhes quisermos dar. As cores são magnificas, a luz é a ideal, as filmagens em estúdio foram bem feitas e a casa onde o filme decorre é visualmente magnífica, digna de conto de fadas. James Horner assegura a banda sonora de modo eficaz, mas não memorável.
Em 13 Sep 2023