Autor: Filipe Manuel Neto
**A prova definitiva de que Joel Schumacher nunca deveria ter sido realizador de cinema.**
Neste filme, um investigador particular, Tom Welles, é contratado para investigar um misterioso e perturbador filme, onde uma jovem é abusada sexualmente e morta, encontrado entre os bens pessoais de um milionário que acaba de morrer. Essa investigação levao a mergulhar no mundo da indústria pornográfica em busca dos maiores horrores que as mentes mais distorcidas podem idealizar.
Confesso que não gosto de Joel Schumacher. Já mostrou ser um mau director, com filmes como "Batman e Robin". Aqui, infelizmente, ele não é melhor. Ele consegue pegar num filme com premissas de qualidade e esvaziá-lo de conteúdo. As personagens são simples, mal construÃdas, o filme começa bem e promete muito mas acaba por se desenvolver mal, à medida que a personagem principal se transforma num vingador, sedento de fazer justiça pelas próprias mãos. A esse nÃvel, é um filme decepcionante, na medida em que nunca explora verdadeiramente o mundo sombrio aonde desce. O final do filme é particularmente mau e previsÃvel, algo ridÃculo quando comparado à forma misteriosa e apelativa como o filme começou.
Quanto aos actores, comecemos por dizer que nenhum brilhou, pois foram impedidos pelas personagens mal feitas que tiveram e por um péssimo director, incapaz de lhes exigir qualidade. Nicholas Cage é um daqueles actores que tem talento, mas que nunca chegou a ser aquilo que prometia ser. Joaquin Phoenix (ainda me lembro dele como imperador romano em "Gladiador") foi bastante capaz no seu papel, e a personagem é talvez a mais agradável do filme, na medida em que simpatizamos com ele. O resto do elenco não merece qualquer menção... apesar de haver mais alguns nomes conhecidos no filme, simplesmente não tiveram como se destacar.
O filme é muito visual, e todas as caracterÃsticas técnicas associadas foram largamente valorizadas. Uma cinematografia intensa, com uso inteligente de cores (quentes ou frias consoante as emoções que se pretendem transmitir ao público), figurinos e cenários elaborados com alguns dos bordéis e estúdios de pornografia a parecerem verdadeiramente reais. Os efeitos sonoros também foram decentes e a banda sonora cumpre o seu papel.
Este filme, no geral, nunca cumpre o que promete. De facto, partimos com uma expectativa muito elevada, à espera de muito mistério e de um agradável mergulho nas sombras da Humanidade, que nunca vem a acontecer. O filme, aos poucos, desconstrói estas expectativas e vai-se transformando num thriller de papelão, simplista e básico, com personagens ocos e uma história cada vez mais parecida com uma banda-desenhada para adultos. Obrigado, senhor Schumacher, por destruir mais um filme que podia ter sido bom. Por favor, reforme-se o mais depressa possÃvel e viva tranquilo e feliz, mas bem longe de qualquer câmera.
Em 02 Nov 2019