Autor: Filipe Manuel Neto
**Profundamente comovente.**
Este filme conta a história de Jean Valjean, um homem condenado a trabalhos forçados por roubar comida quando estava com fome. Libertado, foi apanhado a roubar todas as pratas de um padre que lhe permitira dormir na sua igreja. Porém, o gesto de bondade do sacerdote, que lhe permitiu ficar com tudo, levou-o a violar a liberdade condicional e deixar de se apresentar às autoridades, indo estabelecer-se noutra cidade, com outro nome, com o qual depressa se torna uma personalidade notória da vida local, e um homem honrado. Até que o comissário Javert, da Polícia, surge no seu encalço, determinado a prendê-lo. Dirigido por Tom Hooper, o filme tem um roteiro com base na história homónima de Victor Hugo. O elenco é liderado por Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway e Sacha Baron Cohen, entre outros actores.
A história deste filme não precisa de introdução. É um daqueles romances que toda a gente já leu ou conhece de ouvir falar. Um dos mais famosos de Victor Hugo, já foi adaptado ao cinema, ao teatro e até deu origem a um dos mais famosos musicais de sempre. Com efeito, este filme não mais é do que a adaptação cinematográfica do musical, mantendo a maioria das canções criadas para ele.
Sobre o roteiro nada há a dizer: a adaptação feita é boa e convincente. Os actores são monstros de talento, com excelentes vozes, e alguns deles já estão acostumados ao universos dos musicais britânicos e americanos. Jackman deu uma alma pura à sua personagem, contrastando com a gravidade vocal de Russell Crowe, cujo Javert é um homem obcecado com a punição dos criminosos e descrente na sua reabilitação. São personagens fortes, interpretados por actores experientes com uma presença enorme em cena. As cenas de acção entre eles são de tirar o fôlego. Anne Hathaway também merece uma menção especial, não só pelo esforço físico que passou para ser Fantine (ela ficou extremamente magra e quase careca para o papel) mas pela qualidade do que ela fez. Tendo uma das personagens mais dramáticas do filme, tem algumas das cenas mais trágicas e a música mais triste, "I Dreamed A Dream". É quase impossível não nos emocionarmos com essas cenas e a forma com que a actriz canta essa música e dá uma alma quase mártir à sua personagem.
Os cenários são excelentes e tentam ser fiéis ao livro e à história. Os trajes também e alguns merecem aplausos, retractando bastante bem a miséria em que os mais pobres viviam. Os efeitos visuais cumprem o seu papel de uma forma discreta mas eficiente, e a banda sonora será por certo lembrada por todos os que viram o filme. Vencedor de três Óscares (Melhor Actriz Secundária, Melhor Caracterização, Melhor Edição e Mistura de Som), é um filme para toda a família.
Em 23 Feb 2018