Autor: Filipe Manuel Neto
**Um excelente filme sci-fi.**
Este é um dos melhores e mais influentes filmes dos primórdios do sci-fi. O tema não era novo, havia diversos filmes em torno de aliens e discos voadores, mas este é um dos melhores e mais impactantes. O roteiro é simples: a corrida às armas atómicas ameaçava o mundo com mais uma guerra e a hipotética inserção de armamento nuclear em foguetões levou a que uma espécie alienígena temesse pela própria segurança, posto que haviam aprendido a viver sem armas e em paz, decidindo enviar um mensageiro ao nosso planeta.
Acho muito interessante que todo o roteiro se concentre na necessidade de manter a paz, arduamente conquistada (o filme é de 1951, seis anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial) e já sob a ameaça das rivalidades crescentes entre os blocos norte-americano e soviético. O armamento nuclear era uma novidade, mas já capaz de inspirar medo em ambos os lados e o roteiro encaixa-se em cima de tudo isto, aproveitando uma moda em torno dos alienígenas e da hipótese de vida extraterrestre para criar uma civilização, mais avançada tecnológica e moralmente, e com a qual podemos aprender.
Robert Wise era um director que estava a crescer e a afirmar-se. Aqui, ele dirigiu o filme com muita habilidade, dando-nos um soberbo trabalho. Ele soube tirar o melhor de cada actor e orientar inteligentemente a sua equipa. Michael Rennie, um actor sem fama que o público dificilmente reconheceria, foi extraordinariamente credível como alienígena e soube equilibrar-se entre um sentimentalismo muito humano e uma postura austera e de grande firmeza. Patricia Neal também fez um trabalho muito bom, e Billy Gray foi uma excelente adição ao elenco, com uma simpatia profundamente comovente. Lock Martin foi muito parabenizado pelo seu trabalho, e eu acredito que tenha sido difícil suportar o peso daquela espécie de armadura, mas não penso que ele tenha feito nada de especial: a única coisa que ele faz é estar ali e dar alguns passos.
A nível técnico, o filme destaca-se pela sua excelente cinematografia a preto e branco: o filme é bastante nítido, está muito bem filmado, tem um excelente trabalho de câmara e a luz é óptima. Os cenários e os figurinos ajudam bastante a tornar tudo ainda mais sério e credível. O filme tem poucos efeitos especiais, mas o que tem é bastante funcional e é realista o suficiente, com excepção da aterragem do disco voador: é bastante óbvio que é um adereço pendurado num fio, mas eu não me importei com isso. A banda sonora é da responsabilidade de Bernard Hermann e, sem ser notável, cumpre bem o seu papel.
Em 13 Sep 2023