Autor: Filipe Manuel Neto
**Já vi comédias românticas muito melhores.**
Eu não sou um fã de comédias românticas, mas reconheço o valor e a qualidade de uma delas. Há várias comédias românticas muito boas, de facto, mas eu sinto dizer que esta não é uma das mais brilhantes.
Ao ver o filme, eu senti que muito do sucesso ou insucesso do mesmo depende do quanto cada espectador gosta da personagem principal, Julianne… e eu realmente não me senti simpatizar com ela. A personalidade desta personagem é inexistente… a ponto de só descobrir que está apaixonada pelo seu melhor amigo quando se vê na iminência de o ver nos braços de outra. É assim tão difícil conhecer os próprios sentimentos e perceber quando se ama alguém?
O roteiro, de resto, assenta basicamente nesta premissa, e na luta subsequente para impedir que Michael, efectivamente, se case. De mencionar que as duas personagens tinham um acordo para se casarem caso chegassem solteiras aos 28 anos, o que nos traz de novo aquele cliché bem desgastado da “velha solteirona”. E claro, há um homossexual em meio a toda esta história: um gay bastante evidente e estereotipado, que deve soar ofensivo a qualquer homossexual legítimo (eu creio).
Julia Roberts já nos mostrou o seu talento diversas vezes e há vários filmes dela que eu poderia recomendar se me pedissem. Porém, a actriz não faz um bom trabalho aqui. Não sei até onde é que isso não terá sido consequência de uma direcção fraca e de uma concepção patética da sua personagem, mas a actriz não esteve bem, ainda que tente ser simpática. Para quem quiser vê-la em grande forma numa boa comédia romântica, há outros filmes melhores disponíveis. Por sua vez, Cameron Diaz desembaraça-se razoavelmente do que tem em mãos, mas não está num filme que lhe permita brilhar mais. Rupert Everett é decepcionante e unidimensional e Dermot Mulroney não faz mais do que o mínimo requerido.
Em 10 Oct 2022