Autor: Filipe Manuel Neto
**A cura para a insónia?**
Este filme foi baseado numa série de livros de "best-seller" sobre o romance de um vampiro e uma jovem humana. Eu nunca li os livros (nem pretendo) e estou disposto a não falar sobre eles, mas se a história de amor de Edward e Bella devia ser épica algo não funcionou neste filme. Apesar disso, o filme foi campeão de bilheteira, os adolescentes consumiram-no avidamente, o estúdio esfregou as mãos de satisfação e todos ficaram felizes.
O enredo é fácil de resumir. Isabella Swan é uma jovem que acaba de se mudar para a casa do pai em Forks (nome curioso), uma pequena cidade perto da fronteira com o Canadá no estado de Washington. A cidade é horrível para um homem como eu, acostumado ao sol e ao calor do sul da Europa: chuva ou nevoeiro quase permanentes e uma humidade capaz de criar musgo atrás das minhas orelhas. Lá, ela reencontra amigos do passado como Jake, de uma tribo nativa próxima, e conhece Edward, um colega de escola estranho. Logo fica evidente que os dois sentem algo forte quando estão próximos e que Edward tem algo diferente, visível na sua pele fria, olhos que mudam de cor, velocidade e força incomuns... ele é um vampiro.
O problema deste filme não é ele ser destinado a um público adolescente, mas a sua história insossa e personagens sem vida. A maneira como o filme foi feito retirou-lhe o envolvimento e tudo se desenrola sem que nos sintamos conectados ao que estamos a ver. Para mim, é difícil entender isso se o material de origem era bom e as premissas da história são excelentes: amor adolescente e apaixonado, criaturas sobrenaturais, problemas da adolescência, dificuldades de adaptação... havia muito com o que trabalhar e boas chances de desenvolver uma história profunda e envolvente. Francamente! Tivemos histórias feitas com premissas muito mais frágeis - Harry Potter é um exemplo - e que deram origem a livros e filmes maravilhosos! É algo que só pode ser entendido pela imbecilidade da directora Catherine Hardwicke (que definitivamente não sabe fazer este tipo de filmes) e da argumentista Melissa Rosenberg.
Pessoalmente, acho que também houve alguns erros de casting que não ajudaram. Kristen Stewart é uma actriz fraca e sem presença, ou pelo menos ela foi-o aqui, e o mesmo pode ser dito de Robert Pattinson, que parece estar mais morto que a sua personagem. Ambos foram más escolhas. Melhor que eles, Taylor Lautner é mais intenso e palatável, mas não conseguiu salvar o filme.
Por alguma razão só agora consegui ver este filme na íntegra. Não foi por eu estar praticamente em quarentena por causa de um vírus mas simplesmente porque adormeci profundamente em todas as tentativas anteriores de o ver por completo. E nem sou o tipo de pessoa que adormece na frente da TV! É um filme chato e morto, quando comparado a dezenas de outros filmes adolescentes que envolvem o sobrenatural.
Em 25 Mar 2020