Autor: Pedro Quintão
"Hellbound: Hellraiser II" continua os eventos da obra original, levando-nos de volta no mundo aterrorizante criado por Clive Barker. Achei particularmente interessante reencontrar Kirsty, a final girl do filme original, e observar as consequências que os eventos do primeiro filme tiveram na sua vida. O facto de ninguém acreditar na sua história e ser internada num hospital psiquiátrico pareceu-me uma abordagem realista e eficaz, adicionando uma camada de vulnerabilidade à sua personagem.
O filme é, sem dúvida, um festival de gore, e alguns momentos são absolutamente nojentos. A cena em que Julia Cotton, a madrasta de Kirsty, ressuscita é talvez uma das cenas mais aberrantes que já vi num slasher comercial do século XX. Neste ponto, elogio o departamento de maquilhagem. Os efeitos práticos utilizados são mais fortes e realistas do que muitos dos efeitos CGI que vemos atualmente em vários filmes. Contudo, não posso dizer o mesmo dos cenários que acompanham os momentos situados no inferno, que me pareceram maioritariamente artificiais. Apesar disso, consigo perdoar esta falha devido às limitações técnicas da época e aprecio o esforço criativo da equipa de produção.
Pinhead e os restantes Cenobitas recebem um tempo de ecrã adequado. O vilão mantém-se sempre assustador e tenebroso, elementos que, infelizmente, perdeu nos filmes seguintes. O breve vislumbre do passado de Pinhead oferece um maior realismo, mas sem nunca deixar de nos assustar ou incomodar com a sua presença.
Embora o filme não inove e revolucione o género, gostei da ousadia em tentarem expandir e aprofundar o universo de "Hellraiser". Na minha opinião, foi a única sequela capaz de fazer isso de uma forma superior e interessante. É um filme que, apesar das algumas falhas, consegue manter-nos agarrados e interessados no destino das personagens e na realidade aterrorizante que apresenta.
Em 10 Jul 2024