Autor: Filipe Manuel Neto
**História, romance, drama e acção numa boa combinação.**
Neste filme, os três mais leais mosqueteiros do rei, liderados por D'Artagnan, tentam substituir o tirânico rei Luís XIV por um irmão gémeo, nascido minutos depois, e que o cruel monarca mandou prender, com uma máscara de ferro, para que ninguém soubesse da sua existência. Dirigido e escrito por Randall Wallace, o filme conta com a participação de Leonardo DiCaprio, Jeremy Irons, John Malkovich, Gerard Depardieu e Gabriel Byrne.
O roteiro é bom. Baseado no romance "O Visconde de Bragelonne", de Alexandre Dumas, aborda um dos mistérios mais titilantes da história francesa, pois sabe-se que existiu, verdadeiramente, um prisioneiro misterioso que usava máscara, embora esta fosse de veludo e não ferro. Mas para nós estes "factos reais" que inspiraram Dumas não importam, na medida em que estamos diante de uma obra inspirada no livro, não nos ditos factos. Mesmo assim, há alguns erros de precisão histórica aqui, muito menos do que eu esperava inicialmente, apesar de não impedirem uma boa recriação dos ambientes da corte, ao nível dos figurinos e cenários. De facto, o filme preenche as expectativas do público e mostra um pouco do esplendor da corte do Rei-Sol. As cenas de acção são boas, mas pontuais, e as lutas de esgrima, ao melhor estilo "swashbuckler", merecem nota positiva. A banda sonora acompanha o filme com fidelidade e cumpre o seu papel com estilo.
Em relação ao elenco, merece nota positiva. DiCaprio esteve ao mais alto nível e mostrou talento, tendo que fazer dois personagens profundamente antagónicos. Depardieu não esteve mal mas não me surpreendeu, excepto pelo humor, com algumas piadas boas. A sua personagem é a mais engraçada e o actor foi perfeitamente capaz de brincar com ela e torná-la mais divertida. Malkovich, Byrne e Irons encarnaram papéis mais dramáticos, profundos e exigentes, tendo feito trabalhos inspirados e mostrado grande habilidade quando contracenaram entre si. Afinal, todos eles são veteranos não precisam provar nada a ninguém.
Inicialmente, eu tinha poucas expectativas sobre o filme devido à presença de Randall Wallace, que antes esteve envolvido num desastre chamado "Braveheart". Mas talvez Wallace tenha tirado lições positivas de "Braveheart", afinal de contas. Não sendo nem de longe um dos melhores filmes que vi sobre este período histórico, o filme não frustra as expectativas do público e dá-lhe o que ele quer: espadas, cavaleiros antiquados, danças, o luxo de "Ancient Regime" e uma história que combina, na medida certa, história, romance, drama e acção.
Em 23 Feb 2018