Autor: Filipe Manuel Neto
**Um dos filmes mais marcantes da obra de Luc Besson.**
Este é talvez um dos filmes mais icónicos da obra cinematográfica de Luc Besson, que é um daqueles directores que dificilmente é consensual ou agrada a todos, mas tem um talento inegável. A história gira em torno de uma jovem rebelde que se envolve num crime e na morte de um polícia. Presa, ela parece totalmente fora de controlo, é violenta e parece odiar todos aqueles que lhe dirigem a palavra. O que acontece a seguir é talvez a reviravolta mais mal explicada de todo o filme: alguém tem a ideia de fingir a morte dela na prisão e de a levar, contra a sua vontade, para um centro de treino de espiões que o governo francês mantém bem escondido. Entre a espada e a parede, ela não tem opção a não ser tornar-se numa assassina altamente treinada e preparada para tudo.
O filme é bastante bom, se excluirmos a primeira meia-hora, que é bastante surreal e na qual os acontecimentos são muito subscritos. Luc Besson, que dirige e assina o roteiro, é muito bom, mas não sabia como havia de pôr aquela jovem numa situação em que ela tivesse mesmo de se tornar numa espiã profissional. Além disso, porquê ela? O que é que ela tinha de tão especial para ser seleccionada à força para algo tão sensível e onde o sangue-frio é tão essencial? Seja como for, partir do momento em que ele faz isso, o filme corre sobre rodas e desliza sem esforço até ao final.
Anne Parillaud é boa o suficiente para o papel e dá-lhe aquilo que precisava, mas não é, de todo, uma mulher atraente ou sensual, como o filme tenta vender, mostrando-a quase sem roupas sempre que pode. Jean Reno faz um trabalho muito bom, embora curto, que parece um ensaio para aquilo que o actor irá fazer mais tarde, em “Léon”. Marc Duret e Patrick Fontana deram vida aos dois actores principais de uma forma bastante correcta e empenhada. A nível técnico, eu destacaria os efeitos, discretos, mas eficazes, e a escolha dos cenários e locais de filmagem. Pessoalmente, destestei a banda sonora, mas isso foi um problema em outros filmes de Besson, e não apenas neste. Parece que o director tem um gosto particular por bandas sonoras que parecem tiradas de filmes eróticos baratos.
Em 06 Oct 2023