Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme que funciona melhor na TV, e que acabou esquecido com o tempo.**
Este filme cem por cento familiar é sobre divórcio e como as famílias se reconstroem depois. Essencialmente, é um filme sobre perdas e como elas são superáveis. Dirigido por Chris Columbus e dedicado por ele à sua falecida mãe, que morreu de câncer no ano anterior, o filme também trata de câncer e morte. Até certo ponto, pode até ter sido uma maneira de o director lidar com a dor.
O roteiro é simples: depois de se divorciar de Jackie, Luke decide namorar a fotógrafa Isabel. Mas ela não é bem-vinda pela sua ex-mulher, que lhe declara guerra, nem pelos filhos que tiveram e que definitivamente não a querem por perto, vendo-a como substituta ilegítima da mãe na vida do pai. Isabel, uma mulher que nunca quis ser mãe, tenta lidar com as crianças da melhor maneira mas comete erros e é fortemente repreendida. Tudo muda quando Jackie é diagnosticada com câncer. A doença obriga todos a reverem como se relacionam e, finalmente, leva Jackie a aproximar-se de Isabel.
No elenco, as duas principais actrizes levam o filme às costas sozinahs: Julia Roberts é uma boa actriz e está em boa forma aqui, e Susan Sarandon também faz um bom trabalho, embora a sua personagem seja desagradável e cínico na maioria do tempo. O fim nos faz sentir que ela colheu o mau karma que plantou. Ed Harris faz o que precisa fazer, mas a sua personagem só existe porque realmente precisa, e mal aparece na maior parte do filme. É um filme feminino. As crianças, é claro, também têm uma boa participação, mas apenas fazem coisas infantis, com excepção de Jena Malone, que já tem idade suficiente para nos dar mais qualquer coisa - e ela fá-lo.
Pessoalmente, achei o filme decente o suficiente para a TV, pois me lembra filmes feitos de raiz para o pequeno ecrã. Não há sentido cinematográfico na maneira como tudo foi concebido. Eu nunca o vi no cinema, mas acho que iria destoar... é um filme pensado da maneira errada, com óptimos actores que me parecem sub-utilizados na maior parte do tempo. Talvez por isso tenha sido esquecido e, mais de vinte anos após seu lançamento, quase ninguém se lembra dele.
Em 03 Nov 2019