Autor: Filipe Manuel Neto
**É um filme bastante fraco, que só se vai redimindo à custa das comparações com os outros filmes da mesma franquia.**
Diz o povo que aquilo que nasce torto dificilmente ou nunca se endireita… e com esta franquia de cinema aconteceu exactamente isso: depois de um filme inicial razoavelmente bom, mas que teve vários problemas, seguiram-se sequelas que quase insultam a nossa inteligência. Não creio que valha a pena realmente falar do roteiro deste filme… o que ele faz é, muito simplesmente, mastigar a história já repisada pelos dois filmes anteriores, dando-nos a mesma narrativa, mas em moldes e ambiente diferentes. É mais um remake do que uma continuação: desta vez, acompanhamos Alex Corvis, condenado à morte por um crime do qual era inocente e regressado dos mortos para descobrir a verdade e limpar o seu nome.
Bem, apesar dos problemas e de todos os defeitos, o filme até funcionou razoavelmente comigo, principalmente considerando a porcaria que foi *Corvo 2 — Cidade dos Anjos*, anteriormente, com todo o cenário e imagética ‘punk’. Essa comparação quase inevitável entre filmes, em certo sentido, salvou este filme aos meus olhos, mas não impede que eu o considere um filme bastante fraco. O roteiro é desinteressante, a história não traz quase nada de novo, os diálogos são forçados, a tensão não está lá e já sabemos como tudo vai acabar.
Outro problema deste filme é o fraco elenco que traz: Eric Mabius pode ter tentado, mas não foi capaz de ser um anti-herói convincente. Ele parece totalmente artificial, teatral e exagera na maneira como actua. Eu não sei o que o actor pensava que estava a fazer, mas este filme não é, de modo algum, abonatório das suas capacidades. Kirsten Dunst era uma actriz ainda jovem aqui e o filme não é, nem de perto, um dos melhores trabalhos dela… na verdade, ela nunca convence e tem sérios problemas em demonstrar emoção. O resto do elenco é virtualmente uma mancha disforme onde pugna a falta de talento e a incapacidade para representar convincentemente.
Tecnicamente, o filme não tem valor real, se exceptuarmos a quantidade de efeitos especiais e de balas falsas utilizadas no filme. De facto, os efeitos são razoavelmente bons e funcionam de maneira convincente na maior parte das vezes, e até mesmo os cenários e os figurinos parecem bastante melhores do que os utilizados nos outros filmes (aqui estou, novamente, a tecer as tais inevitáveis comparações que ajudam a redimir um pouco este filme) da franquia. De resto, toda a cinematografia parece escura e densa demais, ainda que isso seja um mal menor aqui, e não há uma banda sonora realmente boa para dar apoio a tudo isto.
Em 22 Nov 2021