Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma "americanice" cheia de presunção e patriotismo.**
O que aconteceria se o nosso planeta fosse de repente ameaçado pelo colapso iminente de um asteróide? A humanidade estaria preparada para detê-lo ou destruÃ-lo? Este filme fala sobre isso. Dirigido por Michael Bay, tem a participação de Bruce Willis, Ben Affleck e Liv Tyler nos papéis principais.
Estamos diante de um dos filmes de desastre mais famosos já feitos pela indústria cinematográfica, uma máquina sempre pronta para encontrar novas formas de destruir o planeta. Mas neste filme o que foi mais danificado foi o filme em si! Vamos começar pelos actores: Willis é excelente em filmes de acção e está sempre pronto para salvar o dia desde "Die Hard". A sua interpretação é boa e o mesmo pode ser dito da maioria dos actores. Mas o roteiro podia ter sido muito melhor. A ideia de usar uma bomba nuclear para dividir um asteróide e alterar a sua trajectória simplesmente não é realista ou plausÃvel, já que as bombas não são fortes o suficiente para isso. Ainda menos plausÃvel é a ideia de equipar amadores, sem treinamento ou uma viagem já feita até ao espaço, com equipamentos de biliões de dólares e chamar-lhes a última esperança da Humanidade. Esta é uma piada que apenas algumas mentes em Hollywood poderiam imaginar, e um ataque contra a inteligência de qualquer espectador que tenha um mÃnimo de sentido lógico. O desastre que este filme é, no entanto, acaba por ser suavizado pela história de amor entre A.J. e Grace, movendo-se como qualquer outro onde os amantes estão separados contra a vontade deles. Algumas das cenas são pura propaganda aos EUA: as partes de asteróide atingiram tudo excepto os EUA (importa menos se atingem tudo menos a nossa casa?), que salva o dia como usual, entre ondas de patriotismo. A estação espacial russa, obsoleta como um museu, é destruÃda no processo, e o único cosmonauta residente parece estar constantemente encharcado em vodka, tem um sotaque absurdo e é um estereótipo insultuoso para os russos. Isso é um remanescente da rivalidade entre os dois paÃses?
Enquanto Bruce Willis é o grande herói, este é um filme que foi destruÃdo por dois asteróides: a falta de lógica de roteiro e história e o desejo americano de fazer propaganda patriótica. "Nós salvamos o mundo. A Rússia, a França e a China podem ter ido para o inferno, mas o resto está bem graças a nós". Hollywood ainda não entendeu que os EUA podem ser ricos, mas não são os polÃcias do mundo.
Em 20 Feb 2018