Autor: Filipe Manuel Neto
**Um melodrama aceitável sobre discriminação de género.**
O filme traz-nos o primeiro caso de sucesso de uma acção colectiva, movida por trabalhadoras mulheres contra a sua própria empresa, por motivos de discriminação sexual e de género nos Estados Unidos. Na vida real, tudo se passou no seio de uma companhia mineira do Minnesota, mas o diretor Niki Caro e o roteirista Michael Seitzman optaram por criar uma história nova e melodramática, que é focada numa jovem trabalhadora, mãe de dois filhos de pais diferentes e com um passado marcado por violações, abusos e um casamento fracassado. Ela será o rosto das outras mulheres, na medida em que é o alvo principal das piadas, gestos obscenos e provocações dos mineiros, seus colegas, que acham que as mulheres estão a tirar emprego aos homens.
A história é muito emotiva e forte, e o filme tira dela bom proveito. Uma coisa interessante: mesmo sabendo que as colegas têm razão, nem todas as mulheres da empresa se unem às queixosas sob medo de represálias, ao passo que há homens que o fazem e lhes dão razão, cansados das atitudes grosseiras dos colegas. Isto é, mesmo quando as coisas estão tensas, os dois lados do conflito laboral não se definem pelo sexo, havendo homens e mulheres de ambos os lados. Isso permite que o público entenda que a questão não é uma luta de género (homens vs. mulheres) e vai muito além de qualquer sexismo.
Charlize Theron é uma boa actriz mas parece jovem demais para a personagem, às vezes. De qualquer forma, ela brilhou. Richard Jenkins esteve bem mas agia de maneira previsível. Frances McDormand foi brilhante, em especial na metade final do filme, onde realmente mostra talento. Jeremy Renner consegue ser desprezível como vilão, e isso é bom para o público. Tecnicamente regular, é um bom filme e merece ser visto.
Em 24 Aug 2018