Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom remake de uma novela icónica.**
Eu vi "Gabriela" na sua estreia em Portugal em 2012, e novamente há cerca de um ano, quando foi re-emitida.
Esta novela é um remake de uma produção muito mais antiga, protagonizada por Sônia Braga e que ficou na história da dramaturgia em Portugal por ter sido a primeira telenovela brasileira a ser veiculada na televisão portuguesa, ainda na RTP. Baseada num livro de Jorge Amado, tudo acontece na cidade de Ilhéus, capital do comércio brasileiro de cacau. A história foca-se na jovem Gabriela. Ela fugiu da seca sentida no interior nordestino e encontrou em Ilhéus uma nova casa, como cozinheira do boémio comerciante turco Sr. Nacib. Rapidamente, os modos ingénuos e provocantes da jovem fazem o patrão apaixonar-se por ela e ambos vivem um romance ardente. Mas ela recusa casar-se e, com isso, aceitar as convenções da sociedade local, muito conservadora.
A partir daqui, o enredo traça uma série de críticas aos preconceitos sobre a mulher naquele momento. Isto é evidente, por exemplo, na forma como o poderoso coronel Melk trata a sua rebelde filha Malvina, ou na maneira como o coronel Ramiro desaprova totalmente o romance entre a sua neta Geruza e o seu maior inimigo político, Mundinho Falcão. No entanto, o momento mais flagrante em que essa crítica ocorre é no romance fatal entre o dentista Osmundo e a sonhadora Sinhazinha, esposa infeliz do brutal coronel Jesuíno.
É um dos melhores remakes de novelas antigas já feito, funcionando brilhantemente até ao fim. Eu realmente gostei da maneira que Juliana Paes deu nova vida à personagem central. Ela era a actriz certa para a personagem. Também gostei muito de ver Ivete Sangalo como Maria Machadão, dona do maior bordel da cidade. Outro actor brilhante é José Wilker, desta vez numa personagem fortemente dramática, que contrasta com as muitas personagens cómicas que o tornaram notável em terras portuguesas. Também gostei de Fabiana Karla, Humberto Martins, Marcelo Serrado, Luiza Valdetaro, Laura Cardoso, Chico Díaz, Ary Fontoura e Antônio Fagundes.
Em 25 Nov 2018