Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme, estragado por um roteiro medíocre.**
Este filme é um pouco contraditório para mim. É um filme que vale a pena ver se queremos apenas entretenimento puro, mas não tem qualidade suficiente para pensarmos nele como um filme realmente bom. A acção está centrada na participação de um diplomata árabe numa expedição militar nórdica, enviada para proteger uma aldeia isolada que estava a ser atacada por algum tipo de criatura maligna. E as fraquezas da trama começam a aparecer diante de nós: o que motivaria um sultão árabe a manter laços diplomáticos com povos tribais do Norte da Europa? Eles nunca poderiam ajudar em caso de guerra porque estão muito distantes e as relações comerciais eram impraticáveis por causa da enorme distância entre eles. Parece que a ideia não veio do roteiro, mas de um romance em que o filme é baseado, mas não importa. Ainda é difícil de engolir. Outro ponto que me chamou a atenção é o retrato dos nórdicos como um povo analfabeto que precisava de um árabe para escrever a sua própria história. O argumentista certamente se esqueceu que os nórdicos são os inventores de um sistema de escrita particularmente conhecido, o alfabeto rúnico. Mesmo numa época em que o ensino era raro, é credível que Beowulf, um príncipe, tivesse pelo menos algumas noções sobre esse sistema de escrita, não precisando, portanto, de um estrangeiro para "desenhar sons" para ele.
O ponto forte do filme são as cenas de combate. Foram pensadas ao detalhe e mereceram a atenção da equipa técnica. A ideia dos "ursos" também é boa, mas é difícil para mim acreditar que os nórdicos, por mais que se mostrassem guerreiros, acreditassem naquela história da criatura do fogo. Há uma enorme contradição latente: se os nórdicos são belicosos e se gabam, por que fugiriam de um exército com tochas achando que é uma serpente infernal? No primeiro ataque é evidente que são homens, não criaturas assustadoras dos nossos piores pesadelos. Não faz sentido acreditar nisso.
António Banderas é literalmente o homem do filme. Ele aparece, brilha, faz uma boa participação. Omar Shariff também merece uma menção honrosa pela sua participação fugaz. É um veterano, com excelente dicção e está bem à vontade no papel. Os cenários e figurinos são bons, fazem com que o público se sinta verdadeiramente do Norte da Europa e no ambiente Viking. É uma pena que o roteiro não tenha sido revisto e melhorado, pois teria tornado o filme substancialmente mais positivo.
Em 25 Apr 2018