Autor: Filipe Manuel Neto
**Um final algo inglório para a trilogia.**
Este é o último filme da trilogia *Blade*, planeada e pensada para jovens adultos sedentos de acção, de lutas mais coreografadas que o ballet e de litros de sangue falso que espirram por toda a parte. É também, para mim, o mais fraco dos três filmes, pois volta a utilizar a mesma receita, já repisada e reutilizada, sem acrescentar nada de verdadeiramente novo, o que fez o filme tornar-se tão monótono como ver alguém a jogar um jogo de vídeo.
O enredo deste filme é ainda mais simples e superficial do que os que vimos até agora, e fez lembrar aqueles filmes onde heróis ou vilões se enfrentam por qualquer motivo idiota, do género *Alien vs. Predator* ou *Freddy vs. Jason*… o que temos aqui é basicamente um “Blade vs. Dracula”, dado que o que este filme faz é, precisamente, acordar o milenar vampiro do seu sono eterno e trazê-lo para o ringue onde vai enfrentar Blade. Claro, o destino da raça humana depende exclusivamente do desenrolar deste confronto, mas isso é algo a que nós já estamos habituados. Soa estúpido o suficiente?
Se os filmes anteriores mereceram algum brilho, seja pela qualidade e empenho do elenco, pela emoção da novidade e dos efeitos CGI, ou pela atmosfera criada e transmitida ao público, este filme deita tudo isso a perder. Simplesmente desenrola-se preguiçosamente diante dos nossos olhos, com luta atrás de luta, morte atrás de morte, sangue e mais sangue, sem que isso nos prenda verdadeiramente.
O elenco também deixa bastante a desejar desta vez. Wesley Snipes traz-nos um Blade mais morno, aparentemente mais simpático e capaz de mostrar emoções, diferente do durão quase indestrutível dos filmes anteriores. Kris Kristofferson continua durão mas morre finalmente e deixa-nos uma filha, bonita mas igualmente durona, interpretada por Jessica Biel. Porém, não foi particularmente utilizada no filme e aparece simplesmente por aparecer. Ao lado dela, o chato Ryan Reynolds, que tenta ser engraçadinho mas só consegue ser idiota. Dominic Purcell deu vida ao milenar Drácula e dá-nos uma boa interpretação, criando uma personagem que, apesar de ser um vilão perverso e sanguinário, mantém aquele estilo de vilão com código de honra e mentalidade antiquada que é raro encontrar neste tipo de filmes. O pior de tudo foi a participação de Parker Posey, que além de ser velha para o papel que fez, soa absolutamente cliché.
Tecnicamente, a aposta continua nas cenas de acção e no CGI. Temos lutas e mortes para todos os gostos, combates coreografados e em câmara lenta, frases cliché, efeitos e sangue. Litros e litros de sangue falso como se fosse um jogo de computador. Tudo, claro, ao som daquela indispensável batida techno ensurdecedora mas permanente nos filmes da trilogia. Os cenários e figurinos são bons, e além do figurino de Blade, temos ainda os das equipas de combate vampiras e o do próprio Drácula, que tem muito pouco de milenar e parece ser só mais um vampiro guerreiro do nosso tempo.
Em 09 Aug 2020