Kursk: A Última Missão

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Lançamento: 07 Nov 2018 | Categoria: Filmes

Kursk: A Última Missão

Nome original: Kursk

Idiomas: Inglês

Classificação:

Genero: Drama, História, Thriller, Ação

Site:

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Produção: Belga Productions, VIA EST, EuropaCorp

Sinopse

Baseado em fatos reais, o filme narra a explosão e o naufrágio do submarino russo Kursk no ano de 2000. Os tripulantes precisam sobreviver às águas geladas do Mar de Barents enquanto esperam por um resgate que pode não chegar por causa do descaso das autoridades.

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Reviews

Autor: Filipe Manuel Neto

**O filme não é mau, mas tem várias falhas e problemas sérios a considerar.** O acidente do submarino nuclear russo Kursk aconteceu há vinte e dois anos e, no entanto, essas duas décadas parecem muito mais, principalmente se considerarmos o quanto o Mundo mudou nesse período. É quase surreal pensar nisto agora, quando vemos a Rússia como um agressor numa guerra injusta aos olhos da maioria dos povos. A história do submarino e de como ele sofreu o seu fatídico acidente é sobejamente conhecida, e basta uma mera pesquisa de Internet para quem não tem a memória tão fresca ou era jovem demais na época do acidente. Por isso, não me vou alongar no assunto. Quero apenas deixar um ou dois apontamentos sobre o roteiro, que eu aprovo na generalidade, ainda que com ressalvas em várias questões e pontos muito concretos. De facto, não gostei muito de sentir que o filme não foi absolutamente fiel à verdade, e que deturpou ou omitiu alguns factos. Meros detalhes, na sua maioria, mas eu penso que, quando estamos a lidar com um filme quase biográfico, que retracta uma tragédia onde morreram tantas pessoas cujos familiares estão vivos, é imperativo ser o mais fiel à verdade quanto possível. É uma forma de respeito, e isso sobrepõe-se a toda e qualquer liberdade criativa, nestes casos muito concretos. Há, todavia, um ponto em que eu senti que o roteiro realmente faltou com a verdade, e que não me parece ser só um detalhe: onde está Vladimir Putin? Em 2000, Putin tinha acabado de se tornar presidente da Rússia, apenas alguns meses após a sua eleição para Primeiro-Ministro e no seguimento da renúncia de um doente e apagado Boris Yeltsin. A par com a insurreição que se fazia sentir na Chechénia, a crise do Kursk foi um dos grandes tirocínios políticos vividos pela sua administração, e Putin teve um papel determinante no decurso das operações de resgate, e na forma como a Rússia recusou a ajuda de outros países. As razões que nortearam essa opção são discutíveis e não vou ser eu a dizer se Putin agiu bem ou mal, mas a ordem veio dele. E onde está Putin neste filme? Não está. É totalmente omitido, assim como toda e qualquer eventual responsabilidade sobre o acidente que possa ser minimamente imputável à cúpula política do Kremlin. O roteiro só nos mostra os almirantes e o alto comando, ignorando que este recebia ordens superiores. Isto é mais que uma falha ou liberdade criativa: é uma mentira por omissão. O filme vai agradar a todos os que gostam de filmes sobre submarinos ou a guerra no mar, mas parece um pouco melodramático e há muitos momentos açucarados. Também não gostei muito do ritmo, lento e desigual: o acidente acontece muito cedo, ainda na primeira meia-hora, o que faz do resto do filme uma longa sucessão de avanços e recuos em torno do salvamento, com as cenas no submarino a serem esticadas até perdermos a noção do tempo que aqueles homens de facto aguentaram esperar. O elenco é maioritariamente europeu e conta com nomes menos conhecidos, como Matthias Schoenaerts, Peter Simonischek, August Diehl e outros, sendo que quase todos se limitam a fazer o que têm de fazer, sem problemas, mas também sem grandes desafios a superar. O destaque vai para dois veteranos: Max von Sydow, no papel do almirante russo, e Colin Firth, no papel de um comodoro britânico. Ambos estiveram em boa forma e são muito competentes no que têm de fazer. Léa Seydoux faz o que pode, mas a sua personagem é muito açucarada e cansativa, e o facto de o filme não investir mais a trabalhar as personagens impede que realmente gostemos dela. Tecnicamente, o filme tem pontos positivos e negativos a considerar: se por um lado gostei da cinematografia, e da forma como o fundo do oceano foi retractado, senti que o filme não nos transmite a sensação de perigo real que aqueles marinheiros passaram, nem tampouco a noção do espaço claustrofóbico a que estavam confinados. As filmagens decorreram em vários pontos na Europa, e a escolha dos locais é boa e criteriosa. Os figurinos, e particularmente as fardas dos marinheiros, foram muito bem feitos, e a banda sonora faz um trabalho discreto e eficaz, ainda que não seja memorável. Os efeitos visuais, especiais, sonoros e computorizados funcionaram muito bem, em particular na cena do acidente e nas cenas filmadas no submarino a afundar-se.

Em 15 May 2022

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